sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Amo-te...


Passados estes 16 anos, o sentimento é o mesmo... De perda, saudade, mas sobretudo de amor... Porque para mim eras tudo...
Ensinaste-me a andar (e cair) de bicicleta, que era bem maior que eu... "Não olhes para trás", dizias... A assobiar, e olha que a avó detestava isso... Ai se detestava dizia que cada vez que uma menina assobiava, nossa senhora ficava triste...
Tenho saudades, de andar no carrinho de mão, andar toda suja porque passei a tarde toda a rebolar na relva e sentada no chão de terra... De cair, e rasgar os joelhos, e chorar no teu colinho...
De ouvir música naquele rádio portátil, que dava para dois phones e como era moderno...
De querer entrar no galinheiro e ter medo de ser mordida pelas galinhas, e pedir-te por favor para as tirares de lá...
De comer os moranguinhos que tinhas plantados nos pneus em cima do poço... E de ir ligar o poço, que eu detestava, para que pudesses regar o jardim...
Tenho saudades da rega automática, e de levar com aquelas gotinhas frescas, nos dias mais quentes de verão...
Saudades de saltar na tua cama, com a minha prima a cantar o "Amor d'água fresca" da Dina...
De dizer que aquele lago, se fosse bem limpinho dava uma bela piscina...
De fingir que varria o jardim, mas detestar, porque aquelas vassoras metálicas faziam-me pele de galinha...
Do orgulho que sentia quando era jardineiro da minha escola, de poder dizer aos meninos que tu eras meu avô, e adorava andar de volta de ti no intervalo...

Sinto saudades, de quando te chateavas connosco, porque roubavamos flores do teu jardim, que cuidavas com tanto amor, e que nós aproveitavamos para oferecer às nossas mães... E eu era sempre a primeira a levar palmada... Em vez de correr, perdia o fôlego de tanto rir... Porque para mim era uma brincadeira... :)

Sinto saudades do teu cabelo grizalho, e sempre espetado, e do teu ar meiguinho, de avô lindo e maravilhoso...

E não sinto saudades nenhumas, do dia em que te foste embora sem despedir, do dia em que tentámos passar pelas pessoas só para chegar perto de ti, e ninguém nos deixou... Do dia em que eu e a minha prima chorámos porque não podiamos brincar mais contigo... Eu de joelhos, com a cara entre os braços pousados em cima da tua cama, do teu lugar... E ela em frente à janela, a olhar para fora, e o sentimento era o mesmo... De hoje de sempre...

De perda, de vazio... Mas quero sempre pensar, que tu és o meu anjinho da guarda, que me protege e me guia... Porque sabes que é a ti que confio todos os meus segredos, tristezas e alegrias, embora já não estejas entre nós... À 16 anos, mas digo-te uma coisa...

Amo-te com a mesma intensidade que te amava, e tenho a maior admiração por ti...

Estás sempre presente na minha vida, Avô Tino...

Beijo no coração...

1 comentário:

  1. Lauzinha

    Que grande homenagem.
    Tenho a certeza que o teu avô estará sempre no céu a olhar para ti, assim como o meu olha para mim...
    Eu sei o que signica essa saudade, mas a minha já tem 21 anos. Dói muito :(

    Beijinho grande

    Pollyzinha

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